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GDSE preocupado com os dois incidentes de flutuação da tensão pede urgência na investigação das causas das avarias no cabo eléctrico


Perante a ocorrência, no corrente mês, de dois incidentes de curtas flutuações da tensão eléctrica resultantes de danos num cabo eléctrico, que provocaram tremulação da electricidade, durante 0,1 segundos, sentidas em quase todas as zonas de Macau, o GDSE mostra-se extremamente preocupado e instou a CEM a proceder à sua reparação imediata. Como no local não estão a ser realizadas obras de construção ou escavações, nem são visíveis outros sinais que expliquem como os danos foram provocados, com o fim de analisar detalhadamente as causas que provocaram os estragos no cabo, os segmentos danificados foram removidos e enviados para um laboratório internacional independente, para serem submetidos a testes e se poderem conhecer as razões que estiveram na origem do problema. Espera-se assim poder melhorar todo o sistema eléctrico, apurar responsabilidades e, evitar, tanto quanto possível, a ocorrência de situações semelhantes, garantindo a segurança do fornecimento de electricidade. O Governo está a seguir com apreensão o desenvolvimento da investigação a estes dois incidentes, que se sucederam num curto espaço de tempo. Considerando que em Macau não irão ser construídas novas centrais eléctricas para produção local, a satisfação da procura tem vindo a ser feita através da importação de energia eléctrica do Interior da China, tendo-se registado um aumento gradual nos últimos anos. No ano passado, a energia eléctrica importada do Interior da China ultrapassou os 90%, e, durante quase todo o período desde o último trimestre até agora, já não tem vindo a ser produzida electricidade em Macau, sendo a electricidade proveniente principalmente da importação e da produção da Central de Incineração de Resíduos Sólidos. Os dados apontam no sentido de a importação de electricidade do Interior da China poder atender melhor ao fornecimento de electricidade em Macau e torná-lo mais estável. Os resultados da investigação preliminar aos dois incidentes mostram que a flutuação da tensão eléctrica deveu-se ao facto de um dos dois grupos de cabos principais de 220 kV, que fazem a ligação entre a subestação do Canal dos Patos e a subestação Flor de Lótus, se ter danificado. Como consequência, em pelo menos um dos circuitos deu-se uma falha de ligação à terra num cabo monofásico, o que de imediato fez esse grupo de cabos de 220 kV parar de funcionar, resultando num fenómeno de maior flutuação em algumas partes de nós da rede eléctrica. Por esse motivo, os cidadãos aperceberam-se de uma ligeira tremulação da electricidade nesses momentos. Logo que se deram os incidentes, o circuito de backup automaticamente assegurou também o desempenho do circuito avariado, não tendo a rede eléctrica sido afectada nem ocorrido corte no fornecimento de energia eléctrica. Contudo, certos equipamentos mais sensíveis de alguns utentes foram eventualmente afectados, por paragens momentâneas ou necessidade de forçar o seu reinício de operação. O conjunto de cabos tronco de 220 kV onde se detectou a dupla avaria entrou em funcionamento em Junho de 2012, sendo a sua função principal ligar a subestação do Canal dos Patos no Norte com a subestação Flor de Lótus no Cotai, a Sul, e fazer a ligação com as duas interligações de transmissão de energia eléctrica de 220 kV, de Gongbei e Hengqin, em Zhuhai, desempenhando um papel de complementação, para suporte mútuo norte-sul. Isto significa que, na eventualidade de ocorrência de uma falha ou interrupção na interligação de transmissão do Sul, a energia eléctrica do Norte irá automaticamente suprir as necessidades, através do cabo principal de 220 kV; do mesmo modo, se um evento análogo ocorrer na zona Norte, o do Sul irá automaticamente assumir as funções em seu lugar, compensando a falha, de modo a garantir o fornecimento de electricidade. Sobre os pormenores dos dois incidentes, o primeiro incidente aconteceu no dia 15 de Fevereiro, às 5:55:37 da tarde, num dos dois grupos de cabos de 220 kV que ligam a subestação do Canal dos Patos e a subestação Flor de Lótus. A fase B de um dos dois circuitos (LT903–CP901) sofreu uma falha de ligação à terra, fazendo accionar o sistema de protecção e isolamento automático no espaço de 50 milésimos de segundo, obrigando a fase B a parar de funcionar. Depois de 13 segundos (ou seja, às 5:55:50), um dos quatro barramentos (220 kV IIA) exerceu a acção de protecção, provocando a interrupção sucessiva do reactor (LT901), do transformador de 180 MVA (T2) e dos acopladores de rede (LT906 e LT908), sendo a falha isolada automaticamente em 108 milésimos de segundo, e, finalmente, o circuito (LT903–CP901) parou por completo. Imediatamente antes de se dar a avaria, os dois grupos de cabos tronco de 220 kV transmitiam ao todo cerca de 30MW de energia eléctrica à subestação Flor de Lótus, representando apenas 4% da capacidade de transmissão total. Assim sendo, na altura, a carga dos cabos era bastante leve, podendo-se excluir a hipótese de sobrecarga. Quando se deu a falha, o circuito de reserva assumiu a operação e a energia eléctrica passou a ser transmitida automaticamente pelo grupo de cabos que não fora afectado, não se verificando interrupção na rede de transmissão de electricidade. A rede eléctrica está projectada de forma a que, mesmo que ambos os dois conjuntos de cabos tronco de 220 kV deixem de funcionar em simultâneo, ainda existe capacidade suficiente para distribuir a energia eléctrica através da rede principal de 110 kV até aos diferentes grupos de rede, garantindo a segurança do fornecimento de electricidade. Logo após o incidente, a CEM rapidamente confirmou que a falha não punha em risco o fornecimento de electricidade, e enviou uma equipa de manutenção para detectar a localização da avaria. Os resultados preliminares revelaram que o local se situa a 3,8 km da subestação Flor de Lótus. Como ao longo do trajecto não foram assinaladas obras de construção que evidenciassem a origem dos estragos, foi necessário abrir o equipamento do interruptor de isolamento gasoso nos dois terminais e usar o método de Reflectometria no Domínio do Tempo - TDR (Time-Domain reflectometry) na sigla inglesa, para proceder à técnica de medição que permite detectar a localização da falha do circuito, tendo-se finalmente identificado o local da avaria às 20 horas do dia 16 de Fevereiro, como sendo na estrada da Ponte-Cais do Pac On, perto da Ponte da Amizade. Através do desenterramento dos cabos subterrâneos, descobriu-se que um cabo situado entre os postes de iluminação IP776A08 e IP776B07 estava danificado. Esse cabo foi substituído e, no dia 26 de Fevereiro, foi concluída a reparação, após a qual foi realizado um teste com electricidade às 23 horas. No entanto, uma hora depois, cerca das 23:59 aconteceu novamente a flutuação da tensão eléctrica, com duração de 0,1 segundos, e desta vez a parte danificada foi o conector de outra fase do cabo do mesmo circuito. As causas que originaram as duas deteriorações sucessivas do cabo são ainda desconhecidas. Uma vez que não foram encontrados sinais evidentes de como os danos foram provocados, e, como o cabo se encontra em uso há menos de dois anos, trata-se de uma situação considerada bastante rara. Por esse motivo, o GDSE exigiu, das duas vezes, que a CEM enviasse a um laboratório internacional independente as secções danificadas do cabo, que foram removidas para esse efeito, para serem submetidas a testes, a fim de se investigar e determinar as causas dos incidentes, tendo em vista melhorar ainda mais todo o sistema eléctrico, apurar responsabilidades e, evitar, a todo o custo, a repetição de situações idênticas, de modo a garantir a segurança do fornecimento de electricidade.