
Com o objectivo de prosseguir com a monitorização da tendência epidemiológica das doenças transmissíveis em Macau e de conceber medidas de prevenção e controlo adequadas, os Serviços de Saúde, de acordo com a «Lei de prevenção, controlo e tratamento de doenças transmissíveis» e o «Mecanismo de declaração obrigatória de doenças transmissíveis», exigem que os responsáveis das instituições médicas públicas ou privadas, os médicos que efectuem o primeiro diagnóstico, os médicos que preencham o certificado de óbito e os técnicos de diagnóstico laboratorial, devem declarar, no prazo legal, os casos de doenças transmissíveis aos Serviços de Saúde. Actualmente, existem 45 tipos de doenças em Macau que necessitam de declaração obrigatória. Os Serviços de Saúde efectuam periodicamente a análise e avaliação dos dados declarados, bem como divulgam os dados de monitorização, permitindo ao público conhecer a tendência do desenvolvimento das doenças transmissíveis, aumentando a consciência de prevenção de doenças e fazendo uma boa gestão de saúde.
Em Setembro de 2025, os Serviços de Saúde registaram um total de 1.358 casos de doenças de declaração obrigatória. As três (3) doenças com maior número de casos foram a Influenza (1.073casos), a infecção por enterovírus (105 casos), e a varicela (36 casos). As doenças que apresentaram alterações significativas em relação ao mês anterior foram a Influenza (aumento de 74,2%), a escarlatina (aumento de 66,7%), e gastroenterite aguda causada por Norovírus (aumento de 66,7%).
Influenza
Em Setembro, foram registados 1.073 casos de influenza, o que corresponde a um aumento de 6,4 vezes em relação aos 145 casos registados no mês homólogo de 2024, e um aumento de 74,2% em relação aos 616 casos registados no mês anterior.
A influenza é uma doença respiratória aguda altamente contagiosa. A sua incidência é predominante no Inverno e na Primavera (de Janeiro a Março) e no Verão (de Junho a Agosto). Em Macau, os tipos de gripe mais frequentes são a gripe A (H1N1 e H3N2) e a gripe B. A transmissão principal do vírus influenza é efectuada pelo ar, pelas gotículas de saliva ou pelo contacto directo com as secreções orais e nasais dos doentes. Os sintomas comuns incluem febre, dores de cabeça, dores musculares, corrimento nasal, dor de garganta e tosse. Embora a maioria dos doentes possa recuperar sem tratamento, os idosos, os bebés, as crianças e os doentes com doenças crónicas podem sofrer de complicações como bronquite, pneumonia, entre outras. A vacinação contra a gripe sazonal constitui o método mais eficaz de prevenção.
Escarlatina
Em Setembro, foram notificados um total de 20 casos de escarlatina, o que representa uma diminuição de 44,4% em relação aos 36 casos registados no mesmo mês do ano anterior e um aumento de 66,7% em relação aos 12 casos registados no mês anterior.
A Escarlatina é uma doença respiratória aguda transmissível causada pelo estreptococo beta hemolítico do grupo A (Streptococcus pyogenes). Geralmente, o período de incubação é de 1 a 3 dias. Esta doença é transmitida principalmente através de contacto com as secreções orais ou respiratórias ou salpicos de saliva de doentes infectados. Uma vez que esteja infectado, o doente fica numa situação de elevado contágio, quer antes, quer depois da manifestação da doença. As pessoas podem contrair escarlatina em qualquer período do ano e o pico desta doença ocorre geralmente na Primavera e no Inverno e infecta principalmente crianças entre os dois (2) e os oito (8) anos de idade. Os principais sintomas são febre, dor de garganta, língua com aspecto semelhante a um morango e prurido. As erupções aparecem frequentemente no pescoço, no tórax, nas axilas, nas fossas cubitais, na virilha e no lado interno das coxas. As erupções cutâneas típicas da escarlatina não aparecem no rosto e a pele da região afectada geralmente torna-se muito áspera. Após o desaparecimento das erupções cutâneas, a pele manifesta escamação. O tratamento eficaz pode ser conseguido através da administração de antibióticos. Sem tratamento adequado esta doença pode sofrer complicações, nomeadamente com o aparecimento de otite média, febre reumática, doença renal, pneumonia, linfadenite, artrite, etc. Não existe vacina contra a escarlatina.
Infecção por norovírus
Em Setembro, foram notificados um total de 10 casos de infecção por norovírus, o que representa uma redução de 63,0% em relação aos 27 casos registados no mesmo mês do ano passado e um aumento de cerca de 66,7% em relação aos seis (6) casos registados no mês anterior. O aumento significativo do norovírus pode estar associado a epidemias sazonais e à propagação do vírus em locais de aglomeração colectiva.
A infecção por norovírus é uma doença transmissível do tracto gastrointestinal, causada por norovírus, transmitida principalmente pelo consumo de alimentos ou água contaminados, pelo contacto com vómitos ou excrementos dos doentes e pelo contacto com os materiais contaminados, podendo também ser transmitidas por gotículas de saliva no ar. Este vírus pode causar intoxicação alimentar ou gastroenterite, sendo o principal agente patogénico da gastrenterite não bacteriana e pode causar surtos de gastrenterite em lares de idosos, escolas e outros estabelecimentos colectivos. Todos os grupos etários estão susceptíveis de infecção e o Inverno é a estação de maior incidência.
Febre de dengue e febre chikungunya
Em Setembro, foram notificados quatro (4) casos importados de dengue e 12 casos de febre chikungunya (três (3) locais e 9 importados). Tanto a dengue como a chikungunya são doenças infecciosas transmitidas pelos mosquitos Aedes albopictus ou Aedes aegypti, com sintomas, vias de transmissão e métodos de prevenção e controlo semelhantes. O período de incubação da dengue é normalmente de quatro (4) a sete (7) dias, sendo os sintomas febre, dores de cabeça, dores nas costas, dores musculares e articulares, bem como erupções cutâneas. Os casos graves podem incluir hemorragia e choque. O período de incubação da febre chikungunya é normalmente de três (3) a sete (7) dias, com sintomas caracterizados sobretudo por febre, dores articulares intensas e erupção cutânea. Os sintomas são, normalmente, ligeiros e duram vários dias, sendo os casos graves e as mortes raros. No entanto, a dor articular pode ser suficientemente grave para limitar as actividades diárias e persistir durante semanas ou meses.
Para reduzir o risco de contrair a gripe e outras doenças infecciosas, os Serviços de Saúde recomendam que os residentes consultem a seguinte infografia para reforçar as medidas de protecção individual.