O Gabinete para o Desenvolvimento do Sector Energético (GDSE) recebeu, nos últimos dias, o relatório da Companhia de Electricidade de Macau - CEM, S.A. (CEM) relativo às falhas de energia ocorridas nos dias 2 e 3 do corrente mês. Segundo o relatório da CEM, a falha de energia ocorrida na área de Kin Wa, no dia 2 de Junho, foi devida a avaria do transformador do posto de transformação PT699, tendo sido afectados 3522 utentes no total; a falha de energia ocorrida na Rua de Francisco Xavier Pereira, no dia 3 de Junho, deveu-se a avaria dos cabos, tendo sido afectados um total de 2466 utentes. A falha de energia do dia 2 de Junho ocorreu às 00h41 da madrugada. Durante a operação de restabelecimento do fornecimento de energia eléctrica, este voltou a ser interrompido por mais duas vezes, afectando, ao todo, 3522 utentes; o fornecimento de energia eléctrica seria finalmente completamente restabelecido pelas 03h20. Durante o processo de tratamento do incidente, o operador do despacho julgou inicialmente tratar-se de uma avaria do PT699 ou uma avaria da segunda extremidade dos cabos, tendo de imediato iniciado o processo de restabelecimento do fornecimento de energia eléctrica; passados 3 minutos da ocorrência, somente o PT699 não havia ainda retomado o fornecimento de energia. Logo a seguir, a equipa de manutenção verificou, no local, que a terminação estava normal e, como não recebeu sinal de avaria do transformador, excluiu inicialmente a possibilidade de avaria do PT e considerou tratar-se de avaria da segunda extremidade dos cabos. Quando, mais tarde, tentou restabelecer o fornecimento de energia através da primeira extremidade dos cabos, deu-se a segunda interrupção eléctrica e recepção do sinal de avaria de baixo nível de óleo do transformador. Mas, como já tinha excluído a hipótese de avaria do PT e não deu seguimento imediato a este último sinal de avaria, tratou a situação como normal, tentando fornecer a electricidade ao PT699, através da segunda extremidade dos cabos e, naquele momento, deu-se a terceira interrupção eléctrica, a qual alastrou, afectando outros 6 postos de transformação, tendo a estes sido possível restabelecer a electricidade no espaço de 3 minutos. Depois de isolar o PT699 e fazer uma série de verificações nos cabos, a equipa abriu a unidade da rede em anel e percebeu que um fusível estava danificado e o disjuntor de protecção não estava activo, como seria normal, nem deu sinal, tendo confirmado que o nível de óleo do transformador estava baixo. Só nesse momento é que foi possível confirmar tratar-se de uma avaria ocorrida no transformador e que o disjuntor de protecção não actuou. Após nova verificação, confirmou que a isolamento da primeira extremidade dos cabos estava normal, tendo depois, começado a fazer a ligação a outro transformador, para restabelecer totalmente a electricidade. A falha de energia do dia 3 de Junho ocorreu às 19h41 da noite, tendo afectado, ao todo, 2466 utentes. A electricidade foi completamente reposta às 21h10. Durante o processo de tratamento do incidente, o operador do despacho julgou inicialmente ter-se tratado de uma avaria do PT21 ou uma avaria da segunda extremidade dos cabos, tendo de imediato iniciado o processo de restabelecimento do fornecimento de energia eléctrica; passados 3 minutos da ocorrência, somente o PT21 não havia retomado o fornecimento de energia. Seguidamente, o pessoal da equipa de manutenção verificou que a terminação estava normal e, como não recebeu sinal de avaria do transformador, excluiu inicialmente a possibilidade de avaria do PT e considerou tratar-se de avaria da segunda extremidade dos cabos eléctricos. Mas, por ter suspeitado que a segunda extremidade dos cabos eléctricos estivesse avariada, não tentou, imediatamente, restabelecer o fornecimento de electricidade ao PT21, como em situação normal. Depois de fazer o teste preliminar de isolamento da segunda extremidade dos cabos eléctricos, ainda hesitou restabelecer o fornecimento de electricidade, esperando pela chegada ao local de outra equipa de manutenção para fazer o teste dos cabos e da unidade da rede em anel, em conjunto, tendo esta, a seguir, decidido fechar a segunda extremidade dos cabos eléctricos para restabelecer completamente o fornecimento de electricidade ao PT21, pelo que, por esses motivos, o tempo de restabelecimento do fornecimento de electricidade foi tão prolongado. Sintetizando a análise feita às causas dos dois incidentes, ambos tiveram origem em avarias de transformadores e de cabos eléctricos. Todavia, no processo de operação de restabelecimento do fornecimento de electricidade após a falha, subsistiu um julgamento com falta de exactidão e que não foi decisivo, que conduziu ao alastramento do alcance do incidente e ao prolongamento do tempo de restabelecimento do fornecimento de electricidade, afectando os utentes. Assim, depois de analisado o relatório, o Governo, de imediato, exigiu à concessionária a realização de uma reavaliação total do actual mecanismo de exame, reparação e de restabelecimento do fornecimento de electricidade; a elaboração de um processo claro de tratamento e, especialmente, o reforço da formação profissional para os seus funcionários, com vista a aumentar a capacidade de resposta no tratamento de falhas imprevistas; a reavaliação dos ambientes e condições de trabalho e, a alocação de recursos humanos, reforçando a capacidade de resposta rápida das equipas de manutenção. Além disso, o Governo exigiu que a CEM, através de uma terceira parte independente e idónea, prestasse assistência no acompanhamento dos assuntos referidos e entregasse uma tabela com a calendarização da implementação dessas acções. O Governo reafirmou ainda que, a CEM assumiu a responsabilidade e dever de garantir um fornecimento de energia eléctrica contínuo, estável e ininterrupto. O Governo irá dar seguimento ao caso, no sentido de estudar qual a responsabilidade da CEM à luz dos termos do contrato de concessão.