Para conhecer as características demográficas, consciência comunitária e opiniões dos moradores sobre o reordenamento dos bairros antigos, o Conselho Consultivo para o Reordenamento dos Bairros Antigos incumbiu a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Macau de levar a efeito um levantamento da situação dos moradores da Zona da Praça de Ponte e Horta. O levantamento mostra que os moradores entrevistados possuem manifesto sentido de pertença ao bairro e boa consciência comunitária e boas relações de vizinhança. Cerca de 80% dos moradores entrevistados têm conhecimento dos modos de reordenamento dos bairros antigos e consideraram, de forma geral, que o modo de "reabilitação" é o mais adequado à Zona da Praça de Ponte e Horta. A equipa de investigação propôs o aumento da eficiência colectiva dos moradores e o esclarecimento pormenorizado dos efeitos e problemas resultantes da política junto dos mesmos, através da organização associativa, por forma a elevar o grau de participação nos trabalhos comunitários e na auscultação de políticas, contribuindo para a promoção do desenvolvimento comunitário e da eficiência da organização comunitária. O levantamento da situação dos moradores da Zona da Praça de Ponte e Horta consiste em duas partes, uma quantitativa e outra qualitativa. A parte quantitativa decorreu entre final de Agosto e final de Outubro de 2010, tendo como destinatários 1322 fogos e 237 lojistas e cuja taxa de sucesso atingiu respectivamente os 64,2% e 50,6%. Este levantamento cobriu um total de 821 pessoas em casa, dos quais mais de 80% são residentes permanentes de Macau e que residem em Macau há mais de 15 anos. De entre eles, 60% têm mais de 45 anos de idade com habilitações académicas inferiores ao 9.º ano de escolaridade e mais de 30% são aposentados, mulheres domésticas ou desempregados. No que respeita ao direito de propriedade, mais de 73% entrevistados são proprietários e 50% possuem a propriedade há mais de 20 anos. Quanto aos arrendatários, mais de 40% arrendam a propriedade há mais de 20 anos, o que mostra que a zona é um bairro comunitário onde predominam "velhos moradores". Foram entrevistados 91 lojistas, dos quais mais de 90% possuem uma loja e mais de metade exploraram-na há mais de 10 anos e dedicam-se a vários ramos de actividades, como por exemplo, oficinas de reparação de veículos, venda por grosso e a retalho e restaurante, etc. Cerca de 40% dos lojistas não possuem empregados. Sobre o direito de propriedade, os proprietários e os arrendatários ocupam metade da totalidade. De entre os proprietários, 70% possuem a loja há mais de 15 anos enquanto que 30% são arrendatários há mais de 10 anos, o que mostra que a mobilidade dos ocupantes das lojas é reduzida. 80% dos entrevistados têm conhecimento dos modos de reordenamento dos bairros antigos Quanto ao conhecimento dos trabalhos relativos ao reordenamento dos bairros antigos, mais de 80% dos entrevistados têm conhecimento dos modos de reordenamento dos bairros antigos. Cerca de 40% das pessoas consideraram que a "reabilitação" é o modo de reordenamento mais adequado à Zona da Praça de Ponte e Horta. Além disso, a maioria dos moradores está disposta a pagar pessoalmente ou através do apoio financeiro do Governo para reparar as partes comuns dos prédios. Desejam principalmente que sejam criados ou melhorados lugares de estacionamento público, espaços verdes e de lazer. Para melhor conhecimento da opção relativa ao modo de reordenamento dos moradores entrevistados da Zona da Praça de Ponte e Horta, assim como das respectivas características demográficas, consciência comunitária e eficiência da organização comunitária, a equipa de investigação recorreu a diferentes métodos de detecção, tendo verificado que os moradores entrevistados possuem manifesto sentido de pertença, boa consciência comunitária e boas relações de vizinhança. Apesar disso, é raro pronunciarem-se sobre a melhoria do ambiente comunitário através de organizações e participarem nas actividades comunitárias. Depois da análise, a equipa de investigação considera que o grau de consciência comunitária afecta a opção feita pelos moradores entrevistados quanto ao modo de reordenamento. Quanto mais forte a consciência comunitária, maior será o desejo de "reabilitação" e "conservação". Tal consciência comunitária depende ainda do alto grau do sentido de pertença e da mesma consciência. Tanto os agregados familiares como os lojistas entrevistados optaram, de preferência, pela "reabilitação". No entanto, os diferentes grupos classificados por idade, nível de estudos, período de fixação de residência em Macau, rendimento e número de membros do agregado familiar afectam manifestamente a opção quanto ao modo de reordenamento. No que respeita à parte qualitativa, esta tem como objectivo conhecer a consciência comunitária e o sentido de pertença dos moradores da Zona da Praça de Ponte e Horta, através da análise da documentação, história oral e entrevista por grupo focal, o que permite um entendimento da identidade dos moradores para com a comunidade. Sintetizando as informações, a equipa de investigação concluiu que aos moradores entrevistados falta conhecimento do papel da Praça de Ponte e Horta na História de Macau, mas sabem sobre o desenvolvimento da Zona da Praça de Ponte e Horta depois dos meados do século XX. Além disso, manifestam ter sentido de pertença. Os moradores entrevistados pelo grupo temático mostraram também ter forte consciência comunitária e sentido de pertença ao bairro. Não querem ver a residência e a vida quotidiana ser influenciada pelo reordenamento do bairro. Além disso, a maioria dos moradores não são membros de organizações comunitárias, facto que coincide com o resultado do estudo quantitativo. Elevar o grau de participação dos moradores e promover o desenvolvimento comunitário A equipa de investigação, depois de tomar como referência a experiência do exterior, propôs o aumento da eficiência colectiva dos moradores e esclarecimento junto dos mesmos sobre o resultado e os problemas decorrentes das respectivas políticas, através de organizações associativas, por forma a elevar o grau de participação nos trabalhos comunitários e na auscultação das políticas, como por exemplo, incentivá-los a criar um programa de parceria que permita a instalação no local de associações civis e a coordenação por associações de moradores dos bairros da vizinhança. Em paralelo, propôs-se a promoção dos projectos de memória colectiva e de história comunitária, aprofundando o sentido de identidade dos moradores na comunidade, com vista a promover o desenvolvimento comunitário e a eficiência de organização comunitária. A par disso, a equipa de investigação considera que os trabalhos de reordenamento da Zona da Praça de Ponte e Horta podem preceder uma análise pormenorizada das características dos diferentes grupos demográficos, levando em consideração os moradores com diferentes necessidades, no sentido de reduzir as influências negativas que os trabalhos de reordenamento possam exercer sobre a rede comunitária e os hábitos de vida dos moradores. O relatório do estudo referente ao levantamento da situação dos moradores da Zona da Praça de Ponte e Horta está disponível na página electrónica do Conselho Consultivo para o Reordenamento dos Bairros Antigos em http: //www.ccrbam.gov.mo.