Saltar da navegação

Estudo sobre eficiência energética revela margem para melhoria no consumo de energia em Macau


O Gabinete para o Desenvolvimento do Sector Energético incumbiu a Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau da realização do estudo bienal sobre a «Situação da Eficiência Energética na RAEM 2011». O estudo revelou que a eficiência energética dos consumidores comerciais de Macau melhorou relativamente ao biénio precedente, especialmente o consumo de energia por empresa, a utilização dos produtos de conservação energética e o aumento da temperatura dos aparelhos de ar condicionado foram aspectos que melhoraram em diferentes graus. Contudo, o mesmo estudo permitiu concluir que tanto a situação da eficiência energética nas famílias, como a consciencialização e condutas dos estudantes relativamente à conservação diária de energia, não registaram melhorias significativas; os resultados mantiveram-se iguais, o que evidencia que a divulgação e a educação para a consciencialização e apreensão da importância da conservação energética em Macau ainda precisam de ser melhoradas. Com o intuito de conhecer e acompanhar o nível do consumo energético nos vários sectores de Macau, nos últimos cinco anos, e de perceber as mudanças relativamente à consciencialização e às condutas de conservação energética, e também, de modo a poder ser feito um balanço sobre o cumprimento das medidas e projectos desenvolvidos pelo Governo durante o referido período, designadamente: as medidas estratégicas para a eficiência energética, a promoção e divulgação, as tecnologias de conservação energética e a sistematização de orientações, a Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau realizou, no segundo semestre de 2011, um inquérito em larga escala que abarcou toda a região de Macau, sobre a eficiência energética - «Situação da Eficiência Energética na RAEM 2011» -, e procedeu à análise e comparação com o mesmo tipo de inquéritos realizados em 2005, 2007 e 2009, avaliando o estado geral da eficiência energética de Macau nos últimos anos. Foram destinatários deste inquérito: as famílias, os hotéis, os escritórios e gabinetes, os restaurantes, o comércio a retalho e as escolas. Pretendeu-se, através do estudo, tomar como base os dados obtidos e conjugá-los com informações recolhidas em estudos anteriores, de forma a analisar as alterações perceptíveis ao nível do consumo energético dos diferentes tipos de consumidores, do grau de consciencialização e das condutas de conservação energética da população, e ainda, conhecer o nível de apoio e participação do público nos programas de conservação energética e nas actividades de divulgação lançadas pelo Governo, bem como, com base nas conclusões da análise, apontar sugestões que sirvam como referência para a elaboração, no futuro, de políticas e medidas de eficiência energética em Macau. O inquérito sobre a situação da eficiência energética foi dividido em cinco grandes segmentos: residências, escritórios não pertencentes ao Governo, lojas de venda a retalho, estabelecimentos de comida e hotéis. O inquérito às residências e cidadãos foi conduzido mediante escolha aleatória, por telefone e na rua; nos hotéis, o inquérito foi feito através de escolha aleatória por amostragem estratificada e nos escritórios, estabelecimentos de comida e lojas de venda a retalho, o inquérito teve por fonte os dados do registo comercial e foi empreendido através de amostragem aleatória simples. No segmento das residências e dos cidadãos, foram inquiridas pelo menos 2 mil pessoas, com idades compreendidas entre os 18 e os 64 anos. Nos outros sectores, estiveram envolvidos pelo menos 20 hotéis e não menos de 350 estabelecimentos de comida, lojas de venda a retalho e escritórios não pertencentes ao Governo. Os resultados permitem afirmar que, comparativamente a 2009, no ano de 2011 a situação da eficiência energética na sociedade em geral de Macau melhorou (ver Tabela 1). A melhoria mais evidente verificou-se no aspecto do consumo energético por utente comercial. Particularmente no sector de venda a retalho, a redução foi de 50 mj, tendo o consumo energético por mil patacas de valor acrescentado sido equivalente a uma redução de 41,6% neste sector, 22% nos estabelecimentos de comida, 6,7% nos escritórios não governamentais e 6% nos hotéis. No aspecto da utilização de produtos que conservam energia registaram-se aumentos no sector comercial, a indústria hoteleira foi a melhor, seguida dos estabelecimentos de comida. Relativamente à temperatura dos aparelhos de ar condicionado, os escritórios privados pouparam mais electricidade, tendo a temperatura média sido de 23,9 º C, seguida de 23,8 º C nos hotéis, enquanto os estabelecimentos de comida são o sector que utiliza os aparelhos a uma temperatura mais baixa, regulando, em média, para 21,6 º C. O caso do sector residencial é bastante especial, embora a utilização de equipamentos eléctricos de conservação energética pelas famílias tivesse aumentado 3%, as condutas a favor da conservação energética tivessem aumentado 11,4%, e a média da temperatura dos aparelhos de ar condicionado também tivesse sido a mais elevada entre os sectores - 24,2o C - representando uma subida de 0,2o C comparativamente a 2009, não obstante, o consumo energético per capita, por residência, aumentou 2,9% em relação a 2009. Da análise das razões sobreveio o facto de, em 2011, o consumo médio de energia de cada família de Macau ter sido menos 3% do que o de 2009. No entanto, como o número de pessoas por agregado familiar e as dimensões de cada residência, ambos diminuíram, levaram a um aumento ligeiro dos índices de eficiência energética do sector doméstico, que são calculados com base no número de pessoas por agregado familiar e na área da habitação. O consumo de energia das famílias foi menos do que anteriormente, uma vez que as residências usaram menos GPL, o consumo de 2011 foi menos 10% do que em 2009; quanto ao consumo de energia eléctrica, este manteve-se, basicamente, inalterado. No que respeita as escolas, das 32 escolas que participaram nas "Actividades sobre Cultura de Conservação Energética nas Escolas", (54,8% do total), 64,7% dessas escolas substituíram as lâmpadas tradicionais por lâmpadas de conservação energética, 64,7% elaboraram orientações para o consumo de electricidade, 75% integraram o tema da "conservação energética" no currículo escolar e, o consumo de 71,4% dessas escolas diminuiu, em média, 8,4%. Quanto às opiniões acerca da conservação energética e às condutas de poupança de energia dos 1028 estudantes inquiridos, as melhorias registadas não foram satisfatórias; salvo na atitude de "desligar os equipamentos eléctricos quando não estão a ser utilizados", nos outros aspectos não se verificaram progressos significativos, tendo-se notado até algum retrocesso em determinados pontos que deverão merecer especial atenção. Em geral, os cidadãos apoiam as actividades de conservação energética lançadas pelo Governo nos últimos anos; 73,7% apoiam ou apoiam muito (ver Gráfico 1); mais de metade apoiam ou apoiam muito o Governo na implementação de medidas obrigatórias de conservação energética através de legislação. Além disso, os cinco grandes segmentos dão a entender que as principais dificuldades em melhorar a eficiência energética são a falta de meios financeiros, o não conhecimento das técnicas e a insuficiência de informações. Perante os resultados do estudo, a Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau propõe três estratégias a adoptar: 1. O Governo deve, através da divulgação e ensino, continuar a reforçar a sensibilização para a conservação energética, as condutas de conservação de energia e os métodos para conservar energia; 2. Elaborar, primeiramente, orientações sobre os padrões de eficiência energética dos edifícios e relativamente à etiqueta energética; a seguir, tentar legislar a implementação de medidas obrigatórias de conservação energética; 3. Lançar, periodicamente, estudos sobre eficiência energética, mais direccionados, sólidos e de carácter especial, recolhendo, de forma mais abrangente e precisa, informações actualizadas sobre o consumo energético, com vista a facilitar a implementação de medidas e políticas mais eficazes de conservação energética, levando ao aperfeiçoando contínuo.