O Centro de Prevenção e Controlo da Doença dos Serviços de Saúde foi notificado ontem pelo Centro de Protecção de Saúde de Hong Kong sobre a existência de um residente de Macau hospitalizado em Hong Kong que, após análise laboratorial, se confirmou estar infectado com Febre Q.
O doente é um homem de 52 anos de idade, cujos sintomas começaram a manifestar-se em Macau no dia 11 de Junho, sofrendo de febre persistente. Foi hospitalizado no Hospital Kiang Wu e no Centro Hospitalar Conde de São Januário para tratamento, sendo o seu estado de saúde instável. Até finais de Julho, o mesmo foi tratado e esteve internado no Hospital Queen Mary de Hong Kong. Hoje (dia 20), foi confirmado pela Divisão de Laboratório de Saúde Pública do Centro de Protecção da Saúde de Hong Kong, que se trata de um caso de Febre Q. O doente encontra-se ainda hospitalizado em Hong Kong e o seu estado é estável. Uma vez recebida a informação, o Centro de Prevenção e Controlo da Doença de imediato foi indagar como tinha sido a evolução da doença em Macau e contactar com a família do doente. O doente é um electricista, não tem animais de estimação no domicílio, e no decorrer da sua actividade não tem contacto com os animais. Duas semanas antes do aparecimento de sintomas, o doente e a sua mulher estiveram em ZhongShan, não tendo tido, contudo, contacto com animais. Actualmente, não existe nenhum caso de infecção entre a família e os colegas. Anteriormente, não há registo de casos de Febre Q em Macau. A Febre Q é uma doença transmissível causada pela bactéria Coxiella burnetii e transmitida pelos animais ao homem. A Febre Q é frequente em todo o mundo, e aparece, de súbito, em zonas agrícolas e de pastagem, granjas agrícolas, matadouros, oficinas da indústria transformadora de carnes e fábricas de produção de artigos de couro. A maior parte dos doentes, são agricultores e trabalhadores das oficinas da indústria transformadora de carnes, e a principal via de infecção consiste na inalação de pequenas partículas de excremento dos animais infectados (nomeadamente ovelhas, vacas, gatos, cães, roedores e aves) e carraças. A par disso, o contacto com os animais infectados ou beber água ou produtos lácteos contaminados também pode causar infecção. A probabilidade de transmissão da Febre Q entre humanos é muito reduzida, pelo que não há necessidade de efectuar o isolamento do doente. O período de incubação da Febre Q varia de 12 a 39 dias, e os sintomas incluem febre alta, calafrios, fadiga, dores musculares, dores das articulações e sensação de falta de força, aparecendo pneumonias em cerca de metade dos doentes. A Febre Q aguda pode ter cura automática dentro de 2 a 3 meses, e apenas uma pequena quantidade de doentes contrai Febre Q crónica, com um percurso de doença que varia de meses até mais de um ano, e pode originar, entre outras complicações, endocardite, miocardite, enfarte cardio-pulmonar, meningite, miolite e nefrite intersticial. Pode-se recorrer a antibióticos para o tratamento da Febre Q. Os Serviços de Saúde apelam aos cidadãos para adoptarem as seguintes medidas a fim de reduzirem o risco de infecção: Em caso de viagem, evitar a deslocação a lugares de criação de animais, matadouros ou lugares de indústria transformadora de produtos animais, e evitar permanecer em ambientes com fracas condições de higiene;
Evitar ter contacto com os animais domésticos ou produtos de animais;
Prestar atenção à higiene pessoal e higiene alimentar, evitar beber água não fervida e produtos lácteos não desinfectados;
Recorrer de imediato ao médico, em caso de deslocação aos lugares acima mencionados ou contacto com os animais domésticos, com o aparecimento posterior de sintomas.