A Autoridade Monetária de Macau (AMCM) divulga as estimativas da Balança de Pagamentos da RAEM do ano 2008. Esta importante estatística, reconhecida internacionalmente, foi elaborada de acordo com os padrões estabelecidos no “Manual da Balança de Pagamentos (5ª Edição)”, publicado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e teve ainda em conta as recomendações dos técnicos dessa entidade. A Balança de Pagamentos é um registo estatístico integral que mede as operações externas entre um sistema económico e os dos outros países e territórios. A presente publicação da Balança de Pagamentos inclui a conta corrente, a conta de capital e financeira não reserva, bem como os dados sobre a evolução dos activos de reserva. Esta divulgação, permite aos utilizadores obterem dados sobre a Balança de Pagamentos de Macau, procedendo quer a avaliações globais dos aspectos económicos e financeiros da RAEM, quer a análises sobre políticas de estabilidade. No ano de 2008 o superávit da Balança de Pagamentos de Macau cifrou-se em 18,2 mil milhões de patacas. Quanto às principais componentes, o saldo da conta corrente registou um resultado positivo na ordem dos 46,6 mil milhões de patacas; no que se refere à conta capital, verificou-se uma entrada de fundos líquida de 3,2 mil milhões de patacas e, por sua vez, no montante dos activos financeiros não reserva observou-se um decréscimo líquido de 26,6 mil milhões de patacas. Embora o défice nas trocas visíveis, valorizadas em f.o.b. (posto a bordo), se tenha expandido para 41,9 mil milhões de patacas, o crescimento acelerado do superávit das trocas invisíveis contrabalançou o aumento do déficit no comércio de mercadorias e a subida significativa dos fluxos de saídas líquidas dos rendimentos de factores externos, em consequência do aumento das receitas turísticas. A conta corrente registou um saldo positivo de 46,6 mil milhões de patacas, tendo aumentado 1,4 mil milhões de patacas em relação ao observado em 2007 (45,2 mil milhões de patacas). No quarto trimestre de 2008 a economia de Macau deteriorou-se significativamente devido ao tsunami financeiro global. As importações de mercadorias f.o.b. do ano 2008 decresceram ligeiramente 1,8% em relação ao ano anterior, enquanto que as exportações de mercadorias cairam significativamente 21,4%, graças ao contínuo decréscimo das exportações de têxteis e vestuário. Assim, o défice da conta de mercadorias aumentou de 38,6 mil milhões de patacas em 2007 para 41,9 mil milhões de patacas em 2008. O superávit da conta do sector dos serviços subiu acentuadamente de 89,6 mil milhões de patacas para 112,1 mil milhões de patacas durante o mesmo período. O saldo positivo dos serviços do turismo cifrou-se em 130 mil milhões de patacas, crescendo 28,2% face a 2007. Por sua vez, os transportes e outros serviços resumiram-se a um défice de 17,9 mil milhões de patacas. A conta de rendimentos, que reflecte os rendimentos líquidos de factores externos, registou uma saída líquida no valor de 17,1 mil milhões de patacas em 2008, muito superior ao valor registado em 2007, de 1,3 mil milhões de patacas. Tal valor ficou a dever-se principalmente ao crescimento substancial dos lucros auferidos por investidores directos estrangeiros em Macau, à diminuição do fluxo de rendimentos de factores provocados pelos prejuízos no investimento directo no exterior e à queda dos rendimentos de outros investimentos. Na conta de rendimentos, a entrada de rendimentos de factores externos atingiu 13,3 mil milhões de patacas, enquanto a saída de rendimentos de factores externos chegou aos 30,4 mil milhões de patacas. O maior número de saídas de rendimentos registou-se nas receitas para os investidores directos, no valor de 22,0 mil milhões de patacas, enquanto que os pagamentos para acções e outros investimentos totalizaram 6,9 mil milhões de patacas. As transferências correntes (que registam basicamente as remessas dos trabalhadores de e para Macau e os donativos entre as organizações de caridade locais e para o exterior), observaram uma saída líquida de 6,4 mil milhões de patacas em 2008, ou seja, mais 1,9 mil milhões de patacas do que em 2007. A entrada líquida de fundos da conta capital subiu de 2,6 mil milhões de patacas em 2007 para 3,2 mil milhões de patacas em 2008, devido principalmente à entrada das transferências de capital doutros sectores não governantes. A entrada líquida dos activos líquidos financeiros não reserva diminuiu de 55,6 mil milhões de patacas em 2007 para 26,6 mil milhões de patacas em 2008. Foi principalmente o abrandamento do investimento directo que provocou a queda de 40,1 mil milhões de patacas em 2007 para 28,0 mil milhões de patacas nas entradas líquidas em 2008, bem como se ficou a dever ao decréscimo das entradas líquidas doutros investimentos, de 25,2 mil milhões de patacas para 10,0 mil milhões de patacas. A carteira de investimentos registou um aumento de 10,1 mil milhões de patacas em 2007 para 11,1 mil milhões de patacas em 2008, e enquanto que os derivados financeiros se converteram de uma entrada líquida de 386,1 milhões de patacas para uma saída líquida de 235,0 milhões de patacas. Os activos de reserva da Balança de Pagamento de Macau reflectem o movimento dos activos de moeda estrangeira geridos pela AMCM, excepto o Fundo de Reserva da RAEM. Em 2008 os activos de reserva aumentaram 18.2 mil milhões de patacas (eliminando as variações dos preços e dos câmbios, e outros ajustamentos), enquanto que os de 2007 subiram 28,2 mil milhões de patacas. A presente divulgação da Balança de Pagamento de 2008 é apenas uma estimativa preliminar, e alguns componentes serão sujeitos a ser revistos logo que sejam disponibilizados dados adicionais.