
O “Seminário sobre a saúde mental e psicológica das crianças e adolescentes”, organizado pelo Centro Hospitalar Conde de São Januário dos Serviços de Saúde, em colaboração com a Sociedade Pediátrica de Macau, teve lugar nos últimos dias na Sala de Conferência do Centro de Saúde da Areia Preta. O Subdirector dos Serviços de Saúde, Kuok Cheong U, o Subdirector Executivo do Hospital Kiang Wu, Lei Pang Pan, a Chefe do Departamento de Serviços Familiares e Comunitários do Instituto de Acção Social, Lei Lai Peng, a Chefe do Centro de Apoio Psicopedagógico e Ensino Especial da DSEJ, Chow Pui Leng, e mais de 180 especialistas em psiquiatria, psicoterapia clínica e serviço social de Hong Kong e Macau participaram no Seminário, todos concentraram-se nos desafios e estratégias para enfrentar a saúde mental das crianças e jovens no contexto da era da internet.
No discurso de abertura, o Subdirector dos Serviços de Saúde, Kuok Cheong U, referiu que o Governo da RAEM atribui grande importância aos problemas e desafios que as crianças e os jovens enfrentam no âmbito da saúde mental e psicológica. Face à rápida mudança do ambiente social, entende-se que, para além de se preocupar com a saúde física das crianças e adolescentes, é essencial reforçar a comunicação, acompanhar mais as crianças e jovens, orientando-os para criarem uma boa gestão emocional desde pequenos. O Governo da RAEM irá, em conjunto com os diversos sectores da sociedade, fomentar um ambiente social que valorize a saúde mental e psicológica.
Este Seminário incluiu várias sessões temáticas, que abordaram temas como medicina clínica, intervenção psicológica e fenómenos sociais, analisando sob diferentes perspectivas os diversos desafios que as crianças e os jovens enfrentam na vertente da saúde mental e psicológica. Os trabalhos foram conduzidos pela Chefe do Serviço de Pediatria do Centro Hospitalar Conde de São Januário, Dra. Wong Fong Ian e Chefe do Serviço de Psiquiatria Substituta, Dra. Lam Mei Fong, entre outros. No seu discurso temático, a Dra. Wong Fong Ian mencionou que os adolescentes actuais — a primeira geração de nativos digitais — apresentam comportamentos e dificuldades cuja análise através de teorias tradicionais de desenvolvimento se revela insuficiente, criando desafios na elaboração de estratégias de intervenção adequadas. Por exemplo, quando os médicos, nas consultas externas, sublinham que as crianças têm de fazer 60 minutos de exercício físico por dia, muitas delas ficam imersas em dispositivos electrónicos como vídeos curtos ou telemóveis; quando os médicos aconselham os adolescentes a garantir nove horas de sono por noite, no entanto, muitos permanecem agarrados a ecrãs até altas horas. A Dra. Wong indicou ainda que, na era da Internet, a pressão dos pares passa do campo físico para os grupos de redes sociais, o cyberbullying agrava-se com o mecanismo de anonimização, até a expressão emocional se transforma numa “competição por likes”. Estes fenómenos reflectem, em certa medida, as características das mudanças mentais e psicológicas dos jovens de hoje em dia, bem como os desafios únicos da época em que se encontram.
Os psicoterapeutas dos Serviços de Saúde, Cheang Sut Ieng, Wong Wai Kei e Pang Weng Si, no seu discurso intitulado “Série de saúde psicológica infantil: Identificação de sinais de alerta - análise das causas - técnicas de intervenção”, combinaram os casos clínicos de Macau com os dados estatísticos sobre o bem-estar emocional de estudantes de Hong Kong e Macau para detalhar os sinais precoces de problemas psicológicos em crianças, analisado os factores de alto risco, como a violência doméstica e a negligência emocional, enfatizando especialmente o fenómeno da virtualização emocional na era digital, o que agravou o sentimento de solidão e a crise emocional entre os adolescentes. A Professora Sénior da Universidade de São José de Macau, Dra. O Lai San, no seu discurso temático intitulado “O Quase Invisível: Reexternalizar a Substância através da Narrativa”, propôs que a utilização da terapia narrativa possa ajudar os adolescentes a reconstruir o seu auto-reconhecimento, conferindo-lhes uma expressão íntima dos seus sentimentos, proporcionando-lhes novas ideias para a intervenção psicológica. Por sua vez, o Dr. Ho Chi Veng, especialista em psiquiatra de Macau, analisou os mecanismos psicológicos subjacentes a estes comportamentos. Do Hospital Queen Mary de Hong Kong, o Professor Associado, Dr. Leung Man Ho e o médico-consultor em psiquiatra infantil, Dr. Yeung Wai Tat partilharam a valiosa experiência de Hong Kong no desenvolvimento do sistema de diagnóstico e tratamento de doenças mentais nas crianças, na administração precisa de medicação e nos tratamentos personalizados.
Os especialistas e académicos de Hong Kong e Macau presentes também discutiram profundamente em torno de temas “Estilo de vida saudável”, “Influência familiar”, “Papel da escola e da comunidade”, “Efeito de etiguetagem”, entre outros, considerando que o crescimento das crianças e dos jovens é um processo de desenvolvimento multifactorial e altamente complexo, que envolve vários factores físicos, psicológicos e sociais. Propuseram a criação de uma “rede de protecção psicológica” intersistemática, com quatro orientações:
- Recomenda-se que os encarregados de educação dediquem, pelo menos, 30 minutos por dia de acompanhamento de alta qualidade, no sentido de reconstruir a ligação entre pais e filhos;
- Desenvolver a capacidade de gestão emocional dos jovens, criar relações interpessoais de apoio e mentalidade de crescimento;
- As escolas devem criar um ambiente de suporte para ajudar o desenvolvimento psicológico saudável dos alunos;
- Optimizar os recursos e as políticas sociais e fornecer um forte apoio à saúde mental e psicológica das crianças e jovens.
Este Seminário, através de diálogos e partilha interdisciplinar, proporcionou ideias e estratégias multidimensionais de resposta para a protecção da saúde mental e psicológica das crianças e adolescentes na era da Internet.