Saltar da navegação

Importante descoberta arqueológica junto das Ruínas de S.Paulo


O Instituto Cultural convidou uma equipa de peritos, do Instituto de Arqueologia da Academia Chinesa de Ciências Sociais, de Pequim, para se deslocarem até Macau, com o intuito de efectuarem trabalhos de prospecção arqueológica e escavação na zona das Ruínas de S. Paulo, anunciando agora a importante descoberta de um troço da antiga muralha, localizada próximo da parede Norte da Fortaleza do Monte, notando que se trata de uma descoberta de grande valor para a leitura do tecido urbano e interpretação histórica da área. Em paralelo com o trabalho de prospecção arqueológica da equipa de arqueólogos de Pequim, o Governo de Macau formou ainda, no ínicio deste ano, um grupo de trabalho inter-departamental para coordenar este projecto. A equipa de peritos arquólogos de Pequim inclui peritos de elevada patente técnica, tendo em vista o estudo aprofundado dos vestígios arqueológicos das Ruínas de S. Paulo, do antigo Colégio e área envolvente, podendo anunciar-se já bons resultados, mesmo tão pouco tempo depois de iniciarem este projecto no dia 10 de Abril do corrente ano, tendo-se até ao momento já concluído quatro terços destes trabalhos. Segundo os especialistas, a primeira fase dos trabalhos de prospecção teve lugar após a demolição de 2 edifícios que existiam no local, contando com exames de sondagem electro-magnética e escavações arqueológicas, facultando uma interpretação consistente sobre a distribuição subterrânea dos vestígios arqueológicos e informação mais completa sobre as antigas paredes do Colégio de S. Paulo, sobre a Fortaleza do Monte e sobre os vestígios encontrados na Travessa do Amparo. Na demolição dos primeiros 2 edifícios cobriu-se uma área de cerca de 735m2 de escavação, aonde se encontrou uma parte do pavimento original, com cerca de 1.5m por 2.5m, composto de solo compactado, que apresenta indícios de ter seguimento na mesma direcção, tendo-se ainda encontrado outros elementos, nomeadamente, algumas relíquias que datam do período da Dinastia Qing, incluindo elementos de cerâmica, ladrilhos, telhas e beirados, bem como conchas e, mesmo, balas de canhão em pedra. Noutro local aonde se efectuou também trabalhos de prospeção arqueológica, na zona correspondente ao Pátio do Espinho, descobriu-se um troço da antiga muralha de defesa, do lado Norte da parede da Fortaleza do Monte, com cerca de 15.5m de comprimento, por 2.45m de altura e uma espessura de 1.27m, notando que se trata de uma estrutura que fez uso de um sistema construtivo antigo que conta com um alinhamento de pelo menos 5 blocos de pedra como base e diversas camadas de uma mistura de solo de côr clara compactada em 5-10cm e formando um emparelhamento sucessivo, que foi depois finalizado com tijolos cinzentos Chineses na face exterior. Tendo-se efectuado um estudo comparativo com base em mapas antigos de 1760, 1886 e 1912 verificou-se que esses documentos gráficos ilustram precisamente esta antiga muralha da cidade, confirmando-se que se trata de um segmento de muralha de que há referências históricas importantes, procurando-se agora interpretar se se trata de um segmento que pertencia ao antigo Colégio de S. Paulo ou se era parte do sistema defensivo, ou mesmo se serviria as duas vertentes de uso que se põem em questão, justificando a importância de se continuar os trabalhos de prospecção arqueológica, também na área correspondente aos 2 edifícios que ainda se encontram no local, cumprindo o plano de se conhecer em toda a sua extensão a presença deste troço de muralha e outros vestigíos arqueológicos que podem oferecer uma valiosa compreensão sobre o passado histórico desta zona da cidade.