O período entre o final de Outubro a Abril do ano seguinte é o período de pico em que as aves migratórias passam o Inverno em Macau. Em Dezembro de 2010, foi verificada a presença de 53 colhereiros-de-cara-preta nas Zonas Ecológicas, no Cotai, o que prova um aumento do número total de espécimes em relação ao registado no ano transacto. A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) já tinha procedido às obras de optimização das zonas ecológicas no Cotai, nomeadamente o alargamento das margens e aprofundamento das zonas alagadas. Por outro lado, sob a cooperação interdepartamental, foi realizado o controlo de actividades irregulares das embarcações (não registadas, sem licença, e sem permissão para exercício) que perturbam o funcionamento das zonas ecológicas em causa, com vista a melhorar o ambiente para nidificação das zonas num para as aves migratórias. A Zona Ecológica 1, no Cotai, situa-se junto ao lado oeste da foz do Rio das Pérolas. Aqui é possível encontrar seres vivos aquáticos diversificados e atrai 120 espécies de aves migratórias, que ali se alimentam e nidificam. De entre estas, mais de 50 espécies são aves migratórias que estão incluídas nas espécies classificadas como aves protegidas, designadamente o colhereiro-de-cara-preta, a garça-marinha (Egretta sacra), a garça-de-dorso-verde (Butorides Virescens), o perna-verde-manchado e a águia oriental (Haliaeetus leucogaster). Os espaços limitados de actividade e o número reduzido de colhereiros-de-cara-preta despertam mais a atenção da população. Esta espécie pode ser encontrado em zonas do Este e Sudeste Asiático, reproduz na Península da Coreia e na Província chinesa de Liaoning, passando o Inverno nas regiões do sul da China e do norte do Vietnam. Na temporada de aves 2009, existiam, a nível mundial, 2340 colhereiros-de-cara-preta, de entre os quais, mais de 460 estavam em Hong Kong e 42 em Macau. Durante o dia, os colhereiros-de-cara-preta alimentam-se nas margens, usando a sua ágil “espátula” para apanhar camarões e caranguejos e descansam nas margens da Zona Ecológica 1 e nas ilhas da Zona Ecológica 2, às vezes alimentam-se na margem no lado sul junto à Ponte Flor de Lótus. À noite, os colhereiros-de-cara-preta procuram alimentos na foz do Canal Modaomen e, de madrugada, regressam às margens da Zona Ecológica 1 para descansarem. A 23 de Outubro de 2010, dois colhereiros-de-cara-preta foram observados nas Zonas Ecológicas, no Cotai, pela primeira vez e, a partir da data, o número desta espécie tem aumentado. Até ao dia 24 de Novembro, uma garça-branca de grande tamanho, uma espécie em risco e cuja observação é pouco vulgar nas zonas costeiras do Sul da China, foi encontrada no conjunto de colhereiros-de-cara-preta. No final de Dezembro de 2010, foram verificados 53 colhereiros-de-cara-preta a nidificarem nas zonas ecológicas, um aumento em relação ao registado em 2009, a situação tenha a ver com o aumento do número desta espécie a nível mundial nos últimos anos. Nos últimos anos, tem-se verificado que há embarcações (não registadas, sem permissão para exercício, e sem licença) que instalam armadilhas nas margens para apanhar caranguejos, o que perturba as actividades das aves. As redes prendem e provocam lesões nas aves aquáticas que por ali circulam. A DSPA está bastante atenta à situação e analisou as medidas a tomar, com os Serviços de Alfândega e a Capitania dos Portos tendo, por fim, chegado ao consenso de promoverem acções conjuntas para a devida resolução. A companhia de gestão das zonas ecológicas já havia removido 200 instrumentos de pesca, ilegalmente instalados nas referidas zonas, tendo contribuído para travar tais irregularidades e, assim, transformar as zonas num espaço de nidificação mais adequado para as aves migratórias. Para assegurar a existência de espaços de nidificação necessários para as aves migratórias, de Setembro a Novembro, a DSPA levou a cabo vários projectos de melhoramento das zonas ecológicas, no Cotai, nomeadamente a desocupação nas margens da Zona Ecológica 2 junto ao lado norte da Ponte Flor de Lotus, a construção de ilhas e recifes e o alargamento das margens e aprofundamento das zonas alagadas na Zona Ecológica 1. Concluídos os referidos projectos, verifica-se que algumas aves aquáticas já nidificam nas ilhas e recifes. Segundo os dados de observação preliminar, o número de aves aquáticas encontradas nas zonas tem aumentado, em relação aos números registados no ano passado. Visando assegurar o funcionamento regular da zonas ecológicas locais, a DSPA continuará a monitorizar a situação e a registar os dados, especialmente no que diz respeito à qualidade do ambiente e da água, efectuando o registo semanal sobre a variação e a quantidade das espécies de aves observadas, tomando medidas com vista a garantir a estabilidade da área do mangal e, assim, da estrutura do ecossistema local.