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Os Serviços de Saúde esclareceram que o caso recentemente divulgado de Doença de Creutzfeldt-Jakob não foi transmitido em Macau


Relativamente a algumas dúvidas apresentadas pelos cidadãos e pelos meios de comunicação social sobre o aparecimento recente de um caso da doença de Creutzfeldt-Jakob em Macau, os Serviços de Saúde salientaram que este caso foi espontâneo, porque não teve relação com as cirurgias efectuadas nem com o consumo de carne de vaca ou outros quaisquer alimentos, quer dizer, não existiu qualquer fonte da doença, sendo mínimo o risco sobre a ocorrência de transmissão iatrogénica, razão pela qual os cidadãos não precisam de se preocupar. Os Serviços de Saúde indicaram que a Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ), também conhecida por encefalopatia esponfigorme transmissível, divide-se em "DCJ clássica"e "variante da DCJ". No cérebro dos pacientes com estes dois tipos de doença cerebral, encontra-se uma mutação patológica similar das duas doenças, que são provocadas por uma proteína desnaturada chamada prião, porém, o quadro clínico e a fonte do agente patogénico são muito diferentes. A "variante da DCJ" tem relação com os produtos bovinos da doença das vacas loucas. Pelo contrário, a "DCJ clássica" não tem relação com os protudos bovinos, sendo a "DCJ clássica" subdividida em 3 tipos: esporádico, genético e iatrogênico, sendo mais de 85% dos casos do tipo esporádico provocados pelas proteínas desnaturadas do próprio doente, isto é, não existe fonte de transmissão. Sobre o caso divulgado pelo Centro Hospitalar Conde de São Janúario, os médicos especialistas da área de neurologia diagnosticaram que a doente é um caso da "DCJ clássica", de acordo com o quadro clínico, os resultados da eletroencefalografia (EEG), da ressonância magnética e do teste de proteínas cerebral 14-3-3 no líquido cefalorraquidiano (LCR). A doente em apreço também não tem história familiar de casos similares, nem foi submetida a transfusões de sangue ou transplante de órgãos. Antes do diagnóstico, a doente foi sujeita a duas operações cirúrgicas, mas, perante um período mínimo de incubação de 15 meses da Doença de Creutzfeldt-Jakob e devido ao aparecimento de sintomas similares antes da realização das operações cirúrgicas, a doença não pode ter sido transmitida pelas duas intervenções cirúrgicas. Em resumo, a doente está a sofrer de "DCJ clássica" do tipo esporádico, a sua etiologia é de desnaturação da proteína por si mesma e não existe qualquer fonte de transmissão. Os Serviços de Saúde salientaram que a Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) é uma doença rara em Macau e sem um quadro clínico especial e resultados de exames como base de diagnóstico, o seu diagnóstico é muito difícil. A doente apareceu com sintomas ligeiros do sistema nervoso no passado mês de Julho do corrente ano, no entanto, perante estes sintomas ligeiros sem qualquer especificidade, não foi prestada especial atenção. No mês de Agosto do corrente ano, a doente foi submetida a uma Histerectomia no Centro Hospitalar Conde de São Januário, e os sintomas do seu sistema nervoso agravaram-se no mês de Setembro. Após o exame, foi detectada a lesão de meningioma pelo Centro Hospitalar Conde de São Januário. A seguir, a doente recorreu à consulta médica de um hospital privado em Hong Kong, tomando a decisão de excisar o meningioma neste hospital em Hong Kong. Durante o período pós-cirúrgico, os sintomas do sistema nervoso melhoraram, mas depois, pioraram, não se conseguindo encontrar a causa. No fim do mês de Outubro, a doente recorreu novamente à consulta do Centro Hospitalar Conde de São Januário, e após a repetição dos exames, nomeadamente, a ressonância magnética e eletroencefalografia, o caso foi diagnosticado como caso suspeito da Doença de Creutzfeldt-Jakob. No entanto, devido à inexistência de qualquer laboratório nos territórios vizinhos para proceder à análise necessária, o líquido cefalorraquidiano da doente teve de ser enviado a um laboratório dos Estados Unidos da América para efeitos de diagnóstico da Doença de Creutzfeldt-Jakob através da análise da proteína 14-3-3. De acordo com o resultado emitido pelo Centro para a Prevenção e Controlo das Doenças dos Estados Unidos da América, entre os 250 casos de infecção da Doença de Creutzfeldt-Jakob por transmissão iatrogénica no Mundo, a maior parte dos casos foi disseminada pela injecção de hormínios hipofisários extraídos de cérebro do cadáver humano, transplante de dura-máter e córnea do corpo humano, e apenas 4 foram transmitidos através de instrumentos contaminados utilizados em operações ao cérebro, 2 dos quais foram transmitidos por eléctrodos contaminados de EEG. Todos os relatórios de transmissão existentes dizem respeito a intervenções cirúrgicas do cérebro. Há 30 anos que se iniciou a aplicação de critérios mais modernos relacionados com as medidas de esterilização nas entidades de saúde, não existindo informação da transmissão da Doença de Creutzfeldt-Jakob através de instrumentos contaminados. Ainda assim, em conformidade com as recomendações promovidas pela Organização Mundial de Saúde, todos os instrumentos de intervenção cerebral utilizados num doente com a Doença de Creutzfeldt-Jakob, não devem ser reutilizados. Por sua vez, a cirurgia a que a doente foi submetida no Centro Hospitalar Conde de São Januário não foi cirurgia cerebral, com risco mais alto, e por outro lado, relativamente aos instrumentos utilizados na sua cirurgia, foi efectuado o processo de limpeza e esterilização, de acordo com normas rigorosas, quer dizer, quase não existe o risco de transmissão. No entanto, como medida preventiva, não serão utilizados os instrumentos do mesmo lote utilizado na cirurgia da doente em apreço no Centro Hospitalar Conde de São Januário. As medidas adequadas serão adoptadas, de acordo com o resultado de avaliação mais avançada a apresentar pelo grupo de peritos, com vista a assegurar a correspondência às recomendações promovidas pela Organização Mundial de Saúde, referentes às medidas de tratamento de instrumentos cirúrgicos. Será criado um grupo de acompanhamento composto por clínicos, enfermeiros e psicólogos no Centro Hospitalar Conde de São Januário, que procederá ao esclarecimento e aconselhamento dos doentes que forem considerados com algum grau de risco, de acordo com o grupo de peritos, bem como ao seu acompanhamento a longo prazo.