O Programa Mundial de Recenseamentos da População e da Habitação de 2010 foi aprovado pela Comissão de Estatística, aquando da sua 36ª Sessão, em 2005 e foi adoptado pelo Conselho Económico e Social das Nações Unidas, na resolução nº A/2005/13. O Programa Mundial de 2010 visa assegurar que cada Estado membro realiza, pelo menos uma vez, os recenseamentos da população e da habitação, durante a ronda de censos de 2010, que abrange o período de 2005 a 2014. Desde o início da ronda, em 2005, 134 países/territórios realizaram censos, contando cerca de 5,5 mil milhões de pessoas, as quais representam 79% da população mundial . O ano de 2011 marca o pico da ronda de 2010, em que 77 países realizam censos, contando cerca de 2,4 mil milhões de pessoas (35% da população mundial). Por seu turno, 2010 foi o ano em se contou o maior número de pessoas, ou seja, 2,5 mil milhões, em 43 países/territórios. (Ver os gráficos – Nota: documento original em Inglês) Até ao final da ronda, em 2014, espera-se contar perto de 99% da população mundial, em 228 países/territórios. Apenas 6 países ou territórios ainda não planeiam formalmente os censos (Guiné Equatorial, Líbano, Mianmar, Somália, Uzbequistão e Sahara Ocidental). Isso significa que houve uma notória melhoria relativamente à ronda de 2000, em que 27 países não realizavam censos. Inovações As principais inovações da ronda de 2010 são os métodos utilizados na obtenção de dados e também o uso de novas tecnologias. Uma pesquisa recente da Divisão de Estatística das Nações Unidas sobre as metodologias dos censos utilizadas nos países/territórios na ronda de 2010 mostra que, enquanto a maioria ainda utiliza os censos tradicionais como fonte de dados para a contagem da população total, há um número crescente que produz dados censitários com novas metodologias, principalmente usando registos administrativos, ou combinando-os com outros mecanismos de recolha de dados. Alguns países usam inquéritos por amostragem contínua para produzir dados que eram antes recolhidos nos censos tradicionais. Quanto às tecnologias, na ronda de 2010 há um número significativo de países que adoptaram novas tecnologias ou recorreram ao uso inovador de tecnologias existentes para melhorar a integridade, precisão, pontualidade, acessibilidade e qualidade dos resultados dos censos. O uso de novas tecnologias também tem reduzido drasticamente o tempo entre a recolha e a divulgação de dados. Por exemplo, o Brasil, o Omã e a Índia conseguiram disponibilizar em cerca de um mês os respectivos resultados preliminares dos censos. Na ronda de censos de 2010 alguns países/territórios oferecem a opção de uma auto-enumeração via Internet, enquanto outros adoptaram o sistema de entrevistas telefónicas computorizadas (CATI). Actualmente mais de 30 países/territórios fornecem a opção de auto-enumeração via Internet. Por outro lado, pelo menos 13 países/territórios usam o PDA (computador portátil) para a recolha de dados na ronda de 2010. As novas tecnologias oferecem também oportunidades de melhoria da gestão das operações de campo. Na actual ronda de censos, os centros de atendimento telefónico e a tecnologia dos telemóveis são usados para construir um sistema integrado de comunicações de campo. Neste sistema, o ponto essencial é o fluxo de informação que circula em tempo real pelo pessoal de campo e entre este e os outros níveis da estrutura dos censos. Exemplos: EUA, Filipinas, Indonésia e Omã. Durante a ronda de censos de 2000 muitos países adoptaram a leitura óptica para a captura de dados, mas existiam muitas falhas devido à falta de planeamento prévio e de testes adequados. A actual ronda pode contar com os aperfeiçoamentos da tecnologia de leitura óptica, juntamente com as lições aprendidas na experiência de 2000, pelo que o uso da tecnologia de captura óptica de dados se tornou a opção mais viável em termos do tratamento de dados em muitos países, particularmente naqueles com maiores populações, tais como a China, a Índia e a Indonésia. Verifica-se o uso crescente dos Sistemas de Informação Geográfica (GIS) em diferentes fases da operação censitária, assim como em combinação com outras fontes de geo-localização, tais como os dispositivos portáteis e os telemóveis. Nas últimas décadas, assistimos à divulgação de dados através de bases de dados online interactivas e de instrumentos de mapeamento GIS baseados em websites. Na ronda de censos de 2010 cerca de 80 países planeiam divulgar os dados dos censos com instrumentos de mapeamento GIS baseados em websites. Desafios
Muitos países no mundo continuam a enfrentar dificuldades na realização dos censos, resultando geralmente no cancelamento ou no adiamento das datas dos censos. A instabilidade política e social, a falta de recursos financeiros e a escassez de pessoal qualificado são os principais problemas enfrentadas pelos organismos nacionais de estatística. Desde 2005 vários países adiaram pelo menos uma vez o seu recenseamento da população. Por exemplo, em 2008 estavam planeados 64 recenseamentos da população para serem realizados em 2010, mas apenas 43 países/territórios realizaram censos em 2010, enquanto que os restantes optaram por adiar, principalmente para 2011. A rápida evolução tecnológica criou um número crescente de opções tecnológicas para os censos. No entanto, juntamente com as vantagens relativas de velocidade e precisão, a adopção de novas metodologias e tecnologias cria novos problemas e diferentes fontes e tipos de erro, quer na recolha de dados, quer nos sistemas de tratamento. Na ronda de 2010 a preocupação com a privacidade causa dificuldades na realização dos censos em alguns países. As preocupações com a privacidade e com as intrusões governamentais parecem ter corroído o compromisso político para com a indispensabilidade dos censos, como meio fundamental de decisão política. Assim, alguns países estão a adoptar métodos alternativos para a compilação dos dados dos censos, principalmente devido ao receio de uma fraca participação do público na operação censitária.
A Divisão de Estatística das Nações Unidas e o Programa Mundial de Recenseamentos da População e da Habitação 2010 Durante mais de seis décadas a Divisão de Estatística das Nações Unidas (UNSD) tem desempenhado um papel fundamental no apoio à realização dos censos nacionais. O Secretariado da UNSD para o Programa Mundial de Recenseamentos da População e da Habitação 2010 trabalha em estreita colaboração com os países e outras organizações relevantes, para assegurar o sucesso da implementação do Programa. As actividades principais da UNSD de apoio ao Programa Mundial de 2010 incluem: (i) desenvolvimento de orientações metodológicas dos censos (a UNSD lançou seis publicações, incluindo os princípios e as recomendações para os recenseamentos da população e da habitação, Revisão 2); (ii) assistir os países no desenvolvimento da sua capacidade estatística para a realização de censos (a UNSD deu formação a mais de 1000 participantes de 140 países, em 33 workshops desde 2006) e (iii) facilitar a troca de experiências nacionais. O intercâmbio de experiências nacionais e de “know-how” contribui significativamente para a qualidade e eficiência das operações dos censos. Neste contexto, o principal foco do Programa é na cooperação regional, incluindo a promoção da cooperação Sul-Sul. O website da UNSD para o Programa Mundial dos Recenseamentos da População e Habitação 2010 (http://unstats.un.org/unsd/census2010.htm) fornece informação sobre as actividades relacionadas com os censos em todo o mundo e uma base de conhecimento dos censos, a qual serve como repositório das directrizes de metodologias dos censos e dos documentos referentes às boas práticas da realização de censos. Presentemente a base de conhecimento dos censos contém mais de 400 documentos. (A presente versão portuguesa do documento original em Inglês destina-se apenas a servir como referência)