
O neto do famoso coleccionador macaense José Vicente Jorge, Pedro Barreiros e a sua mulher, Graça Pacheco Jorge, foram recebidos pelo presidente Guilherme Ung Vai Meng na sede do Instituto Cultural. Esteve presente também Wong Man Fai, o Chefe da Divisão de Estudos, Investigação e Publicações. José Vicente Jorge foi nomeado intérprete da Missão Diplomática em Pequim entre 1908 e 1911, e desempenhou, posteriormente, vários cargos no Governo de Macau. Publicou dois volumes do "San-Tok-Pun – Novo Método de Leitura" para o ensino da Língua Chinesa, e, juntamente com Camilo Pessanha, traduziu o livro escolar "Kuok Man Kau Fo Shü – Leituras Chinesas". As suas traduções de poesia chinesa integram o espólio da biblioteca no prédio do IACM. José Vicente Jorge era um coleccionador muito conhecido no seio da comunidade macaense nos anos 30 e 40. A sua colecção, que guardava na sua casa da Rua da Penha, era reputada como a melhor de Macau e considerada como um verdadeiro museu por todos que a ela tinham acesso. Em 1940 foi publicado um livro sobre a colecção, Notas sobre a Arte Chinesa, reeditado em 1995 pelo Instituto Cultural de Macau. Trata-se de uma obra de referência importante na área da Arte Chinesa. A família Jorge era grande e os seus numerosos descendentes vieram influenciar grandemente a comunidade Macaense. O casal Barreiros vive em Portugal mas visita Macau com frequência. Graça e Pedro conservam e organizam os espólios do avô e do pai, Danilo Barreiros, advogado de Macau e também coleccionador de Arte Chinesa e coordenaram o trabalho de reedição do livro Notas sobre a Arte Chinesa. Uma obra mais recente escrita pelo casal, José Vicente Jorge, Macaense Ilustre será apresentada ao público no dia 30 de Dezembro, pelas 18h30, no Albergue. O livro contém mais de 400 valiosas fotografias da vida quotidiana que nos revelam e nos permitem conhecer o quotidiano da comunidade macaense desses tempos. Graça Pacheco Jorge, conhecedora da culinária macaense e possuidora das receitas da família, é autora do livro A Cozinha de Macau de Casa do Meu Avô obra que, por se encontrar há muito esgotada, será reeditada pelo Instituto Cultural. Esta contribuirá, sem dúvida, para reforçar a candidatura da culinária Macaense a Património Intangível Nacional Chinês. O Presidente do IC, o pintor Guilherme Ung Vai Meng, falou sobre os trabalhos desenvolvidos actualmente pelo Instituto Cultural, dando ênfase à conservação do património cultural em Macau, influenciado pela cultura única macaense, que o IC procura igualmente proteger e promover. O IC deseja continuar os seus esforços de ligação à comunidade portuguesa e ao exterior, e prosseguir também com o desenvolvimento de uma plataforma de intercâmbio entre as culturas oriental e ocidental. De acordo com as LAG para 2012, será desenvolvido o projecto de criação de um Museu de Literatura de Macau, que conterá obras de autores macaenses e portugueses relacionadas com o território. Estas obras, bem como a criação de uma base de dados de autores macaenses, estarão disponíveis para consulta e estudo, permitindo ao público em geral aprofundar os seus conhecimentos sobre a literatura de Macau e o seu desenvolvimento através da história. A par desta iniciativa, o IC planeia ainda uma série de publicações de obras literárias de autores macaenses e portugueses. Ung Vai Meng manifestou a sua vontade de ter a colaboração da comunidade macaense na conservação do património cultural, bem como o seu apoio na promoção da cultura de Macau. Pedro Barreiros e Graça Pacheco Jorge exprimiram a sua satisfação por este encontro com o Presidente do IC e manifestaram a necessidade de conservar e deixar para gerações futuras a cultura ocidental em Macau, pois é esta que distingue o território das demais cidades chinesas. Para tal, estão na disposição de contribuir para o regresso a Macau dos espólios macaenses espalhados pelo mundo, para aqui serem conservado e ficarem disponíveis para o público em geral bem como investigadores. O encontro terminou com planos para uma futura colaboração entre o casal e o IC na conservação do património cultural, na publicação de livros e na fundação do Museu de Literatura de Macau.